quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Closer - Perto Demais



Pois é... já fiquei uns dias sem escrever. Daqui a pouco abandono meu pequeno 'blog'. Capaz, brincadeirinha. Enquanto estou 'montando' esse meu cantinho, vou transcrevendo algumas postagens do meu antigo blog. Eu gosto, assim acabo lendo tudo de novo, pensando a respeito. Verdadeira terapia. Qualquer tópico desses vou falar das minhas 'terapias', inclusive da de verdade...hehe.


Mas falando em 'ler tudo de novo', me lembro esses dias que estava falando que ainda quero viver muita coisa, criar muita coisa, fazer história ainda. que é muito cedo para ficar vivendo de recordações. Daí veio o tapa na cara. Me disseram:"Paulaaaaaa, tu vive de fotografias amareladas".


Ai que meleca... que grande meleca.


Por que tem que ser assim, pra que tanta contradição dentro de uma só pessoa?


Simmmm... eu quero viver muito e muita coisa. Quero ousar, quero voar, sentir o vento no rosto dentro de um carro a 180 km/h. Simmmm... eu quero o novo de novo e de novo. Eu quero passar em ruass que nunca passei, por pessoas que nunca conheci, por histórias, por vidas. Quero ser parte de um mundo... deixar minha marca neste mundo e na caminhada de uns poucos, pelo menos. Não quero ser em vão... não quero me esvair em mim. Quero viver por muito tempo depois que eu me for, na lembrança e no imaginário de quem tenha motivos para lembrar de mim. Eu não quero morrer comigo. Eu quero ficar.


Então... quero o novo, quero olhar pra frente e caminhar. Mas já não quero...


Estão de volta as velhas fotografias amareladas.


Não quero mais ser nada... JÁ FUI. Só quero voltar. Como eu disse esses dias, de vez em quando dá vontade de voltar pro útero. Quero voltar... a ser filha, a ser neta, a ser criança, a ser adolescente.


Quero voltar a ir pra escola, voltar pro recreio, pros amigos, pros lanches do barzinho da escola, pro meu caderno bagunçado, pro meu pai me esperando lá fora pra me levar pra casa, perguntando: tirou dez né? E depois almoço, e depois brincar, ver novela vale a pena ver de novo, ou sessão da tarde ou ir correr rua com os amigos. quem sabe jogar carta? canastra? ou dar trotes no telefone do tipo: tem um fuca verde ai na frente? ahhh... então já amadureceu...hehe (que graça a gente achava nisso??). Daí já era de tardezinha... amigos reunidos na esquina, vamos jogar volei, taco, fiutebol? brincar de esconder (esse eu adorava - sempre rolava uns beijinhos nos esconderijos). Quem sabe ligar o toca fitas e cantar "annaaaaa banana..." hehehe. 


Aiaiaiaiiii... essas fotografias amareladas.


E se eu lembrar do cheiro da casa da minha avó? ai que vontade de ficar lá... como é seguro um colo de vó. Aquele refúgio gostoso, aquele lugar que vc pensa que sempre vai existir. Aquelas pessoas que te amaram desde que vc se conhece por gente. Naquele momento e naquele lugar vc é especial... protegido por uma casa que sempre existiu, por um amor que sempre existiu. Ahhhh.... como é dificil aceitar que aquele "tudo" que vc sempre soube ser simplesmente "amarelou".


Ahhhh... como é difícil amarelar.


Sei... um dia tudo vai "amarelar". Mas não é porque sei que fica mais fácil.


Enfim, se não tem solução, que amarele mesmo. Só sei que quero, e vou ter, muitos e muitos álbuns de fotografias amareladas (ou não). 


Vai ver por isso minha paixão pela fotografia. Pena que a essência é tão difícil de ser fotografada.


Pois é pois é... acabei divagando quando minha intenção era tão somente falar que eu, quando gosto de uma coisa, gosto.


Sou aquela chata... ouço mil vezes a mesma música, leio umas trinta vezes o mesmo livro, vejo trocentas vezes o mesmo filme... até gastar. Como disse uma vez "até ouvir o que aquilo tem pra me dizer".


E com o filme "closer" foi assim. Era madrugada, insone. Sessão de gala ou corujão, sei lá... mas foi "por acaso", foi na TV. Não escolhi... aconteceu.


Não sei quantas vezes já vi esse filme, mas muitas. A primeira vez que vi, só ouvi... a música. 


Como pode uma música definir tão bem o sentimento, a dor de uma pessoa? que música...


e eu, que amo "projetos" bem montados, amei aquela forma louca de fazer um filme... como se fosse a música que o guiasse. Como se toda a história contasse apenas as estrofes daquela música. E, apesar disso... tudo tão louco, tão pulado, tão pontual.


Não são os personagens que conversam... são seus sentimentos, seus medos, seus anseios, seus desejos. 


Não existe história a ser contada... é um filme pra sentir.


É um filme pra ouvir, a música, os sentimentos e a nossa emoção.


Eu diria... um filme pra se ver sozinho. Só vc e a sua emoção. Um momento pra conversar com seus medos e seus anseios. 


Com certeza é um filme que muitos não gostaram ou gostarão. É um filme que te pergunta: "QUAL É O SEU NOME?"


ENTÃO, PORQUE EU AMO ESTE FILME... vou anexar abaixo algumas crônicas sobre ele, que eu guardei, e que leio sempre. E minha emoção sempre encontra novas frases, novas palavras, novas perguntas e novas interpretações. 


E espero que a sua tbm. Boa leitura.


"Martha Medeiros - Jornal O Globo - 20/02/2005 Interrompendo as buscasASSISTINDO AO ÓTIMO "CLOSER - Perto demais", me veio à lembrança um poema chamado "Salvação", de Nei Duclós, que tem um verso bonito que diz: "Nenhuma pessoa é lugar de repouso". Volta e meia este verso me persegue, e ele caiu como uma luva para a história que eu acompanhava dentro do cinema, em que quatro pessoas relacionam-se entre si e nunca se dão por satisfeitas, seguindo sempre em busca de algo que não sabem exatamente o que é. Não há interação com outros personagens ou com as questões banais da vida. É uma egotrip que não permite avanço, que não encontra uma saída - o que é irônico, pois o maior medo dos quatro é justamente a paralisia, precisam estar sempre em movimento. Eles certamente assinariam embaixo: nenhuma pessoa é lugar de repouso. Apesar dos diálogos divertidos, é um filme triste. Seco. Uma mirada microscópica sobre o que o terceiro milênio tem a nos oferecer: um amplo leque de opções sexuais e descompromisso total com a eternidade - nada foi feito pra durar. Quem não estiver feliz, é só fazer a mala e bater a porta. Relações mais honestas, mais práticas e mais excitantes. Deveria parecer o paraíso, mas o fato é que saímos do cinema com um gosto amargo na boca. Com o tempo, nos tornamos pessoas maduras, aprendemos a lidar com as nossas perdas e já não temos tantas ilusões. Sabemos que não iremos encontrar uma pessoa que, sozinha, conseguirá corresponder 100% a todas as nossas expectativas ¿ sexuais, afetivas e intelectuais. Os que não se conformam com isso adotam o rodízio e aproveitam a vida. Que bom, que maravilha, então deveriam sofrer menos, não? O problema é que ninguém é tão maduro a ponto de abrir mão do que lhe restou de inocência. Ainda dói trocar o romantismo pelo ceticismo, ainda guardamos resquícios dos contos de fada. Mesmo a vida lá fora flertando descaradamente conosco, nos seduzindo com propostas tipo "leve dois, pague um", também nos parece tentadora a idéia de contrariar o verso de Duclós e encontrar alguém que acalme nossa histeria e nos faça interromper as buscas. Não há nada de errado em curtir a mansidão de um relacionamento que já não é apaixonante, mas que oferece em troca a benção da intimidade e do silêncio compartilhado, sem ninguém mais precisar se preocupar em mentir ou dizer a verdade. Quando se está há muitos anos com a mesma pessoa, há grande chance de ela conhecer bem você, já não é preciso ficar explicando a todo instante suas contradições, seus motivos, seus desejos. Economiza-se muito em palavras, os gestos falam por si. Quer coisa melhor do que poder ficar quieto ao lado de alguém, sem que nenhum dos dois se atrapalhe com isso? Longas relações conseguem atravessar a fronteira do estranhamento, um vira pátria do outro. Amizade com sexo também é um jeito legítimo de se relacionar, mesmo não sendo bem encarado pelos caçadores de emoções. Não é pela ansiedade que se mede a grandeza de um sentimento. Sentar, ambos, de frente pra lua, havendo lua, ou de frente pra chuva, havendo chuva, e juntos fazerem um brinde com as taças, contenham elas vinho ou café, a isso chama-se trégua. Uma relação calma entre duas pessoas que, sem se preocuparem em ser modernos ou eternos, fizeram um do outro seu lugar de repouso. Preguiça de voltar à ativa? Muitas vezes, é. Mas também, vá saber, pode ser amor."




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Longe da comédia romântica, “Closer” traz-nos a tragédia do amor, numa rede apertada de ciúme, desejo e traição.
Dan (Law), um escritor falhado que escreve obituários, cruza-se com Alice (Portman), recém-chegada dos Estados Unidos, no meio de uma rua de Londres. Amor à primeira vista. Mas, como diz o subtítulo, se acreditamos nesse amor instantâneo, nunca iremos parar de olhar. E é isso que acontece. Passado uns meses, Dan conhece Anna (Roberts) numa sessão fotográfica e esse é o início de um trágico desmoronar de valores.
À semelhança do encontro de Dan e Alice, o de Anna e Larry (Owen), motivado por uma confusão de identidades através de um chat de Internet, é também ele metafórico, no que respeita à ignorância e ao engano de que serão alvo, pelos outros e também pelos seus próprios sentimentos.
A verdade é constantemente evocada, e aparece muitas vezes misturada com uma crua honestidade, sem compaixão. Mas nenhum deles é sincero, a não ser na sua infidelidade. Anna procura a verdade, mas adia-a repetidamente (aliás, a inércia do personagem será talvez o ponto mais fraco desta história). Larry joga com os sentimentos dos outros para conseguir o que pretende: Anna. Dan exige a verdade, mas mostra-se ressentido quando a encontra. Alice, habituada à ilusão na sua profissão de stripper, parece ser a única que assume e luta pelo seu compromisso, fiel ao amor que sente.
Como a maioria dos filmes interessantes sobre sexo, a adaptação da peça de Patrick Marber, é sobretudo conversa. Um poderoso diálogo, expressivo em termos sexuais e tão vivo que nos pode esgotar. Mas de uma força dramática que pode bem abster-se de recorrer à montagem fácil de um jogo de lençóis. O sexo verbal que domina o filme é vigoroso, compulsivo, por vezes doloroso e ocasionalmente divertido.
Nichols fecha os planos nas caras dos actores, para que vejamos a dor e o sofrimento de perto. Evidencia o desequilíbrio com cortes cronológicos na narrativa (de meses e até anos), que nos são indicados apenas no diálogo. Com efeito, muita da acção decorre fora do ecrã, nesses espaços de tempo. Vemos as causas e as consequências apenas. Como fotografias coladas.
Por isso os personagens aparecem algo abstractos, sem família, amigos, passado ou futuro. Fica a sensação de que todos vivem num constante tumulto emocional e que só existem em relação a cada um dos outros. Apesar disso, o trabalho de representação é bastante consistente. Mas se tivesse de salientar alguém, seria Owen, talvez por ter o personagem mais denso.
“Closer” fala sobre pele: afinal de contas, existe uma stripper e um dermatologista (Larry). A pele como elemento de contacto com os outros, a pele como protecção e como barreira. Mas uma das cenas mais fortes do filme, que se desenrola no local de trabalho de Alice, é mais memorável pela nudez emocional de Larry do que pela nudez física de Alice. Quanto à pele do espectador, essa fica a cargo da voz de Damien Rice, no belíssimo tema The Blower’s Daughter.
Ao contrário das histórias românticas habituais, “Closer” tem a virtude da imprevisibilidade. Como a vida, como o amor. Nem um nem outro isentos de dificuldades, de dores, de culpa. Quanto mais perto chegamos de alguém, maior a probabilidade de nos magoarmos. Mas valeria a pena viver as coisas de outro modo?






DAMIEN RICE







The Blower's Daughter







And so it is



Just like you said it would be



Life goes easy on me



Most of the time



And so it is



The shorter story



No love, no glory



No hero in her sky







I can't take my eyes off of you



I can't take my eyes off you



I can't take my eyes off of you



I can't take my eyes off you



I can't take my eyes off you



I can't take my eyes...







And so it is



Just like you said it should be



We'll both forget the breeze



Most of the time



And so it is



The colder water



The blower's daughter



The pupil in denial







I can't take my eyes off of you



I can't take my eyes off you



I can't take my eyes off of you



I can't take my eyes off you



I can't take my eyes off you



I can't take my eyes...







Did I say that I loathe you?



Did I say that I want to



Leave it all behind?







I can't take my mind off of you



I can't take my mind off you



I can't take my mind off of you



I can't take my mind off you



I can't take my mind off you



I can't take my mind...



My mind...my mind...



'Til I find somebody new

2 comentários:

  1. Adorei,ficou muito bom teu blog..
    tudo de bom a ti ..bjão

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  2. Oi, Paula!! Adorei seu blog!! Também adoro esse filme!!! Também já vi várias vezes!!! Vou ler tudo que vc escreveu aqui... Qual postagem era em minha homenagem?
    Beijos! Te amo, viu?
    Dani.

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Vou adorar receber seu comentário, afinal este espaço não é para ser um monólogo e sim um diálogo. Portanto, deixe seu recado, comentário, crítica, elogio, pensamento. Tudo é bem vindo. Obrigada.

Obrigada por sua visita

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Volte sempre! bjs Paula