quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Não sei como não tinha postado este texto ainda.... sou apaixonada por ele



Como já disse, sou pessoa de ouvir mil vezes a mesma música, ler mil vezes o mesmo livro, assistir mil vezes o mesmo filme, relembrar mil vezes um momento mágico ou engraçado, ou mesmo ridículo, chorar mil vezes pela mesma coisa (e não adiantar nada), sofrer mil vezes a mesma dor... pois é... sou dessas.

A cena da vida vai rodando e aquela coisa que eu ouço, leio, vejo, penso mil vezes tem sempre uma conotação diferente. Mas eu sou assim... embora goste de ser surpreendida, de viver novas emoções, de ser uma pessoa diferente de vez em quando, no fundo, lá no fundo, sou conservadora e tradicional. 

Quando vejo as pessoas falando mal de alguém, ou julgando, eu costumo dizer: cavando cavando, lá no fundo ela é uma pessoa boa, bem no fundo, mas é. Pois ninguém é todo bem ou todo mal, depende sempre do ângulo.

E hoje, tava lendo meus textos antigos, guardados sempre "na minha caixinha", que não é física, mas é "minha caixinha de guardados", e achei este texto. Jurava que tinha passado ele para o blog, porque sou apaixonada por este texto. Amo, amo, amo... amo mesmo. Porque fala de tudo que sinto, pelo que sofro, por quem me faz falta, para os quais eu faço falta, por quem um dia me fará falta, e por quem nem mesmo chegou e já me deixou um vazio tão grande.

FAZER FALTA... fazer falta... fazer falta

Acho que é isso que quero pra mim... quero fazer falta, e não só quando morrer... não!!! Quero fazer falta agora.

Mas não um fazer falta onipresente, asfixiante, sufocante. Quero fazer falta suavemente como uma brisa de primavera, como um toque de carinho no rosto, delicadamente como um beijo da criança amada.

Quando exponho minhas idéias sobre relacionamento, geralmente ninguém concorda comigo. Minhas amigas dizem: ahhhh como eu queria ter um homem que vivesse por mim, que fizesse tudo pra mim, que pensasse só em mim. E me julgam afortunada por ter um homem que se doa tanto. Não que eu não seja afortunada, com certeza sou, mas sempre cultivei em meu marido o amor próprio, a vida própria, objetivos individuais e totalmente diferentes dos meus. Sempre o incentivei a sair com amigos, a ter o dia para jogar sinuca, a ir a festas sozinho, a ser uma PESSOA, desvinculada de mim... a ter seus compromissos sociais, e até a ter amigos com os quais não me relaciono.

E quando ele está na rua, em festas, bares, na casa de amigos, ou trabalhando, estudando, o que for, sendo uma pessoa neste mundo, sei que ele está sentindo minha falta. Porque estou dando a oportunidade a ele de sentir isso.

Da mesma forma ele sempre me faz falta... porque sei que ele é o meu porto seguro, a pessoa que me entende, entende meus medos (e esse é o pulo do gato), e sei que de uma forma ou de outra nos braços dele encontrarei abrigo. Ter o colo de quem entende teus medos, sem que vc precise explicá-lo é uma sensação muito boa. E olha, sou uma pessoa com medos ridículos e outros nem tanto, mas um tanto exagerados.

Uma coisa que acontece pouco, mas que já aconteceu... eu entrar em pânico. Tem coisa pior que entrar em pânico e não ter para quem correr?

E medo de tubarão? hehehe... alguém já ouviu falar de uma pessoa ter medo de tubarão mesmo estando em uma piscina? hehehe...rsrsrs. Esse medo realmente é ridículo, mas eu tenho. Principalmente se estou tomando banho de piscina à noite... sozinha então bah, até já tentei. Naquelas noites muito quentes em que, para variar, faltava energia elétrica, e não tinha como suportar os mosquitos, eu até tentava ficar o maior tempo possível dentro d'água... mas não dava, o medo de tubarão falava mais alto...hihihi. ridículo.

E medo de dormir com a luz desligada? passei mais de dois anos dormindo com luz ligada, primeiro a luz principal, depois abajur, depois foquinho na tomada... gradativamente. E se faltava luz durante a noite eu acordava, pegava minha lanterna colocada ao lado da cama SEMPRE, e ia dormir com meu pai, sob protestos da minha mãe (que que essa burra velha quer na nossa cama... vai dormir guria... e coisas muito piores eu ouvia). Mas meu pai me dava um canto, me abraçava, e eu lá ficava até voltar a luz.

E medo de colocar  o pé ou os braços para fora da cama? tudo tem que ficar nas linhas que delimitam o colchão....hehehe... loucura total.

Mas os medos que narrei acima não são nada, nadica de nada, comparados com os meus verdadeiros medos. Aqueles medos que a gente nem expressa em palavras "por medo". Esses são cruéis. E alguém tem que saber deles, para poder proteger você de você mesmo, proteger você da sua pessoa com medo, do que essa pessoa sente, do que essa pessoa faz.

Eu, graças ao bom Deus, tenho duas pessoas no mundo que conhecem meus medos quase tão bem quanto eu... minha irmã e meu marido. E por eles conhecerem tão bem meus medos, eles já vão me perdoando antes mesmo de eu pedir perdão. Já vão me desculpando e pedindo desculpas por mim. 

Esses medos escurecem minha mente, meus pensamentos, minhas emoções. Esses medos me colocam contra parede a todo instante. Eles me provocam, me oprimem, me chamam pra briga. E eu sei brigar tão pouco... tão pouco. Taí... esses medos me enfraquecem. me sensibilizam, me fazem frágil como eu geralmente não sou.

Mas vou parar de falar em medos e falar do que realmente vim falar, sobre fazer falta. Vamos ao texto então. 






Paulo Sant'ana

Fazer falta

Estava me dizendo ontem no fumódromo, onde se dizem e se sentem todas as coisas, a minha amiga Grazielle Badke, que chorou no dia em que ouviu no rádio a notícia da morte de George Harrison, o guitarrista dos Beatles, tão penetrante era em sua pele e em seus aurículos a melodia e a letra da sua célebre Something.O que minha amiga queria me dizer é que, quando ouviu aquela notícia da morte de Harrison, teve a certeza de que sentiria para sempre falta dele em sua vida.
***
Uma vez escrevi aqui que o único dever que temos na vida é fazermos com que os outros sintam falta de nós.Quando corro para tomar o café da manhã com um amigo, isto quer dizer que sinto falta dele. E se corro várias vezes para tomar o café da manhã com esse amigo, então mais do que necessário, esse amigo é-me imprescindível.
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Quando morrem as pessoas que nos são imprescindíveis, sentimos ainda mais falta delas.Mas o lindo é quando temos ao nosso redor, em contato todos os dias conosco, uma pessoa que amamos - e temos nítida noção de que sentimos profunda falta dela sempre que ela se afasta de nós, por dias, quando ela viaja ou nós viajamos, por minutos, quando ela sai da sala por qualquer motivo e já nos deixa repletos de saudade.Noção da falta que eventualmente nos causa em vida.
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Isto é que é ser útil! E, mais que útil, transcendental: é incutir nos outros a nossa falta.Se me quiserem fazer um elogio inesquecível - e se dele eu for merecedor - , quereria que me dissessem que faço falta para os que o dizem.E se quiserem me fazer um elogio para além da minha vida, um elogio póstero de valor incalculável, escrevam na minha lápide: "Aqui jaz alguém que está nos fazendo falta".Um simples, mas colossal elogio.
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Eu só peço a Deus que nunca me dê susto ou pesadelo que consista em afastamento, distanciamento ou perda de pessoas que me fazem falta. Nunca. Nunca mais, tanto já me fez sofrer por isso.
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Pelo contrário, peço a Deus que sempre me dote de mais e mais pessoas a meu redor que me façam falta. Os tais imprescindíveis.Eu sei que os imprescindíveis são raros, mas por assim o serem é que quero encontrá-los em minha bateia, os que ainda não achei - e mantê-los em meu relicário, os que já possuo.
***
Nunca me afaste Deus de todos os que me dão ainda força para continuar vivendo. Nunca me afaste Deus dos que me entendem, dos que me toleram, dos que me perdoam, dos que me dizem coisas incentivadoras, dos que juram com sinceridade que me querem sempre a seu lado, dos que me garantem que para mim não falta pouco e a nossa vida em comum será, como por vezes tem sido, cheia de felicidade.Esses são os que me fazem falta e o meu sonho e a minha utopia é que eu lhes faça falta.
***
Enquanto houver os que me fazem falta e enquanto porventura eu fizer falta a alguém, esta é a garantia de que fiz e estou fazendo jus à vida.E que Deus me torne cada vez mais forte e talvez inquebrantável para continuar talvez fazendo falta a alguém, tomando para isso a providência permanente e perpétua de não afastar de mim os que me fazem falta.

3 comentários:

  1. Paula!! Que texto maravilhoso o que escreveste... me vi nele em muitas coisas. Tu és mesmo uma pessoa iluminada e muito, muito especial. Adri Heller

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  2. Obrigada Adri, que bom que gostaste... é a primeira vez que dou publicidade ao que escrevo e fico feliz que alguém leia e goste. Obrigada. bjs

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  3. Uma mulher que escreve com a alma. Com certeza! Lindo.

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